Aline FogaçaFoto Ronald Mendesr

A história da família com a fabricação de bebidas é centenária. Mas, para inserirmos Aline nela, vamos partir de quando ela resolveu cursar Agronomia na Universidade Federal de Santa Maria. Foi nessa mesma época que a jovem nascida em São Paulo começou a ajudar o pai, Rubens Fogaca, 73 anos, nos vinhedos da Velho Amâncio, vinícola que leva esse em homenagem ao seu bisavô, um fabricante de cachaças português. Encantada com a natureza entre Santa Maria e Itaara, Aline buscava formação em uma área que a ligasse ao solo e ao verde que toma conta da paisagem toda a vez que ela abre as janelas do chalé onde mora até hoje com o filho, Eduardo, 8 anos, e o marido, Alisson Celmer, 44. O caminho que a tornou tão única quanto os vinhos e
espumantes que produz não foi fácil. Em meio a um campo de trabalho com presença marcante masculina, ela precisou mostrar ter não apenas voz, mas também conhecimento e tino para os negócios. Esse trajeto começou na Universidade Federal de Santa Maria, onde, ainda nos primeiros semestres da faculdade, percebeu que poderia desenvolver pesquisas para melhorar a qualidade da uva e dos vinhos. Foi nas aulas e nos laboratórios da UFSM que Aline conheceu seu grande mestre nas pesquisas. Mais do que um orientador, Carlos Eugênio Daudt, que hoje é seu vizinho, tornou-se um grande parceiro no aprimoramento dos conhecimentos e da produção de vinhos e espumantes. – Conheci o professor Daudt ainda durante a minha graduação, e depois toda a minha pós-graduação (mestrado e doutorado) foi sob sua orientação. A convivência com ele me ensinou muito sobre o
mundo do vinho e aprofundou meus conhecimentos. Os principais ensinamentos dele foram sempre perguntar os porquês e tentar entender as razões que fundamentam a tomada de decisão. Esses ensinamentos e a convivência com o professor levam hoje a vinícola a ser incentivadora de estudos e pesquisas na área, e temos alguns trabalhos em parceria com a Universidade para manter esse legado de conexão entre a pesquisa e a prática – conta Aline. Tendo o vale onde mora como um grande laboratório de pesquisas, mas, simultaneamente, com a responsabilidade
de transformar as uvas ali produzidas em bebidas de alto padrão, Aline teve a oportunidade de se tornar uma das poucas mulheres do país que, ao mesmo tempo, é viticultora, cultivando vinhas e estudando a uva, e é enóloga, profissional que estuda tudo que é relacionado ao universo do vinho. Se hoje a empresária colhe uma de suas melhores safras, na vida tanto pessoal quanto profissional, é porque não perdeu nenhuma oportunidade de estudar e aprender sobre o universo que lhe causa encantamento, mesmo estando tão distante das maiores faculdades do mundo nessa área. Conhecer as tradições e as histórias familiares de Aline é encontrar muitas memórias pelo caminho. Elas estão presentes nas melhores lembranças de quando ela, o pai, a
mãe, Arilene, e a irmã, Amanda, vinham de São Paulo, onde moravam, para visitar os avós que aqui residiam. Mas não param por aí. Também é possível se deparar com surpresas agradáveis como a foto dela ainda bebe, bem serelepe, ao lado de pipas de vinho.