A história de vida do Padre Lauro Trevisan é uma jornada que, sem dúvida, merece ser amplamente festejada. Ao longo dos anos, formou-se em Filosofia, Teologia, Psicologia, Jornalismo, História, Ascese, Exegese, oratória e Psicanálise Humanista. Foi conferencista internacional, fazendo palestras para até 10 mil pessoas em um único evento, escreveu mais de cem livros, com mais de 2,5 milhões de obras vendidas, e causou um verdadeiro impacto na Igreja ao defender a força do pensamento positivo e do poder da mente.
Ao completar 90 anos, data comemorada em 14 de agosto, Padre Lauro orgulha-se não só de ser uma das figuras mais influentes nessa área no Brasil, mas também de ter conquistado leitores nos mais diversos países, os quais compram seus livros e o seguem em suas redes sociais.
Conversamos com ele para conhecer suas reflexões sobre sua trajetória neste momento especial e suas expectativas para o futuro. Sua entrevista acabou se tornando não só uma reflexão sobre uma vida bem vivida, mas também um testemunho de sua incansável busca por sabedoria, alegria e amor. Aos 90 anos, ele continua a inspirar e a iluminar o caminho de muitos, mostrando que a verdadeira juventude está na alma e no espírito.
Ao chegar aos 90 anos, quais são as reflexões que faz sobre sua trajetória de vida e sua missão?
A primeira reflexão é que a caminhada valeu a pena e continua valendo. Estou imensamente agradecido e satisfeito. A segunda constatação é que, em qualquer idade, a vida é sempre uma festa, aconteça o que acontecer. Descobri ainda que a trajetória é bem-sucedida quando a mente, o coração, o espírito e o corpo se conjugam para construir uma vida positiva, alegre, criativa, saudável e prazerosa. Em uma quarta consideração, aprendi que é um grande erro se perder nos meandros da mágoa, da tristeza, da culpa e do desencanto, pois são ladrões da alegria de viver e adoecem a pessoa. Por fim, para resumir a conversa, percebi que as mais altas energias humanas situam-se na esfera do amor, da paz, da fraternização e em uma bela relação com Jesus e o Pai Criador.
Qual o simbolismo dessa data para o senhor?
Na numerologia, a idade de 90 anos indica o início de uma nova etapa da vida, um novo ciclo, um novo mapa existencial. O número 9 está relacionado à sabedoria, ao amor transcendental e à manifestação das virtudes adquiridas. Já o zero à direita intensifica esses valores. Portanto, estou entrando em uma fase maravilhosa e é assim que me sinto!
O que o motivou a escrever tantos livros e quais foram os desafios encontrados ao longo desse processo para se tornar um autor tão reconhecido?
Escrever é uma paixão pessoal, uma inspiração divina. Vivo escrevendo. Sinto um turbilhão de ideias dentro de mim, basta tocá-las e tudo começa a acontecer. Às vezes, até me surpreendo com o que foi escrito. Gosto de escrever em todos os gêneros literários, mas meu foco principal está na literatura sobre o Poder da Mente. "Quanto ao Poder, quem tem fé tudo pode" – esta foi a mais incrível revelação de Jesus, confirmada por grandes mestres e sábios ao longo do tempo. Estou seguindo essa pegada. Sempre tive, e continuo tendo, a certeza de que se trata de uma estupenda verdade, que continua por ser desvendada. Quando o ser humano deixar de olhar apenas para o chão e erguer os olhos para sua dimensão infinita como filho legítimo de Deus, entraremos nesse estágio superior que Jesus chamou de reino dos céus aqui na terra.
Entre tantas realizações ao longo de sua história, uma das mais marcantes é o Parque Oásis. Como foi a experiência de transformar o espaço um ponto de entretenimento e lazer para as famílias de Santa Maria e da região?
Como acredito que a vida é uma festa, amo a festa da vida. Ser alegre e ver as pessoas felizes se divertindo parece ser o prazer máximo do Criador, que nos ofereceu este paraíso de inenarráveis belezas e encantos. Jamais Deus teria pensado em nos colocar em um vale de lágrimas, como diz uma ascese antiga. Jesus ensina que a vida é uma criança e a Bíblia diz que um coração contente tem um banquete eterno. Divertir-se de maneira saudável é importante para a saúde, fortalece o sistema imunológico, descongestiona os órgãos, alivia o coração, acalma as tensões e rejuvenesce. Visitei vários parques de diversão pelo mundo. O Oásis era um sonho de ver as pessoas felizes em meio a uma natureza tão mágica e atraente.
O senhor se considera um homem de negócios tanto quanto um líder religioso? Como equilibra essas duas áreas?
Eu me vejo mais como alguém que gosta de ver as pessoas felizes e, assim, busco ajudá-las a se realizarem plenamente, tanto espiritual, quanto cultural, financeira e recreativamente. Os empreendimentos vão nessa direção: Revista Rainha, Piazito, Aventuras de Frik e Frok; Livraria da Mente; Teatro Santa Maria; Editora da Mente; Parque Oásis, Mundo Encantado do Natal; Congressos internacionais Festinvita; Casa da Península para Encontros e refúgio pessoal; e, agora em obras, o Parque do Livro Jardim das Azaleias. Mas entendo que minha missão maior é levar ao mundo os ensinamentos daquele que se disse: "Eu sou O caminho, A verdade e A vida". Mantenho sempre o foco principal nesse ideal. Alcançar as profundezas da mensagem do Mestre e levá-la às pessoas é o que mais aprecio.
Passados tantos anos, em sua opinião, suas reflexões sobre a força do pensamento positivo nas pessoas ainda são válidas?
É uma verdade universal que somos o que pensamos. Os mestres de todos os tempos têm feito essa revelação. Se somos o que pensamos, só resta um caminho: pensarmos e vivermos positivamente. É o que faço. Esta filosofia existencial torna o viver saudável e prazeroso. Jesus disse, certa vez: "E ninguém mais vos tirará esta vossa alegria".
A Igreja nem sempre foi favorável às suas ideias sobre o Poder da Mente. Como o senhor lidou com as críticas das autoridades religiosas? Isso mudou hoje em dia?
Talvez seja necessário fazer uma distinção: a Igreja fundamentada nas palavras de Jesus sempre me abençoou, pois mais de dez vezes Jesus claramente afirmou que temos um poder capaz de mover montanhas e alcançar tudo. Eu poderia dissertar sobre este ensinamento muito claro do Mestre. A frase mais simples de Cristo é esta: "Pedi e dar-se-vos-á, porque todo aquele que pede, recebe". Jesus sempre ensinou que todo aquele que pede, seja quem for, e tudo o que se pede, seja o que for, nos será dado. O segredo se chama fé. Esta é a chave do tesouro. Já os mentores de uma Igreja tradicional, muitas vezes, aderem à ascese do valor do sofrimento, do sacrifício, da resignação, da ideia de que somos pobres mortais, e, portanto, a vida é dura e o caminho, espinhoso. É a espiritualidade da Idade Média que ainda persiste. Fui muito criticado, mas nunca condenado, até porque condenar o poder da fé é condenar Jesus. Hoje, com a evolução dos conhecimentos e a libertação de conceitos radicais superados, sou muito bem-visto e esta forma de entender o Criador e os ensinamentos de Jesus está sendo reconhecida e praticada bem mais do que anos atrás, inclusive porque esse caminho leva à autorrealização.
O que o senhor pode adiantar para os nossos leitores sobre o novo projeto do Parque do Livro, Memorial e Jardim das Azaléias? O que os visitantes podem esperar desse espaço?
Depois de 22 anos, me desfiz do Parque Oásis, que está nas mãos de um grupo com um grande projeto para aquele lindo lugar de natureza tão exuberante. Fiquei com alguns hectares e estou construindo um espaço cultural para contar a minha história e fomentar o interesse das pessoas pela leitura de livros. É bom lembrar que Harvard constatou, numa pesquisa científica, que o livro é o superalimento do cérebro, promove a lucidez e ajuda a evitar o Alzheimer. É uma bela notícia. Um pavilhão de 40x15m conta a minha história num agradável memorial. Nos espaços externos, as pessoas percorrerão o Caminho do Céu, o Monumento ao Cristo do Livro, sem falar de lagos, cascatas, gansos, marrecos, patos-selvagens e uma natureza encantadora.
Como é sua rotina diária aos 90 anos e quais são os hábitos que considera essenciais para manter uma vida ativa e produtiva?
Acordo por volta das 5h30min, agradeço a vida ao Pai Criador, participo do chimarrão das 6h30min com boa conversa alegre, café às 7h. Então me dirijo ao gabinete de trabalho, no centro da cidade, faço um ritual especial com Maria Odete e quem estiver lá, leio os jornais, revistas e mensagens, e vou para o computador. Publico no Facebook mensagem diária, "cafezinho da manhã com o Lauro", áudio reflexivo e, às vezes, mensagem de vídeo. Escrevo livros, artigos, mensagens, poesias, atendo recados do WhatsApp. E leio livros. Ler é vital. Praticamente todos os dias, vou ao Parque do Livro acompanhar as obras. Preparo lives e cursos online. E estou atento às novidades que acontecem. Minha residência é na Casa Padre Caetano, no Patronato, há 64 anos, mas às vezes fico na Casa da Península.
O que espera para o futuro, tanto pessoalmente quanto em relação aos seus empreendimentos?
“A pessoa negativa estaciona no passado; a pessoa positiva se fixa apenas no presente; a otimista recolhe o melhor do passado, se posiciona no presente e tem o olhar positivo no futuro”. Os otimistas sabem que o futuro é a colheita do hoje. O pensamento cria, o desejo atrai, a fé garante e a ação realiza. Assim caminha a humanidade. E eu estou nela.
O senhor é uma pessoa muito conectada com as redes sociais, atento aos veículos de comunicação. Qual mensagem deseja deixar para as próximas gerações?
Esta pergunta incendeia meu coração. Meu grande sonho é que aconteça o Reino dos Céus aqui na terra, como anunciou Jesus. A maioria das pessoas acha que é utopia, mas eu acredito. Somos filhos de Deus, temos poder criador, nosso espírito tem a dimensão da Divindade e a Divindade é o poder criador, a sabedoria e a perfeição. Isso significa que devemos manter a fé de que o Reino dos Céus acontecerá aqui na terra e todos nos reconheceremos como irmãos, vivendo felizes nessa nossa casa comum, cada um cumprindo sua missão inspirada pelo Criador, para um mundo cada vez melhor. O filósofo, teólogo e antropólogo Teilhard de Chardin escreveu que a evolução humana se dará em espiral ascendente até chegarmos ao ponto Ômega, o estado crístico. Meu sonho é que as próximas gerações não só acreditem nisso, mas tornem realidade esse paraíso.