
A minha escolha foi absurdamente influenciada pela obra, de mesmo nome, da jornalista Glennon Doyle e que indico para mulheres de todas as idades. É como se a autora nos guiasse, num mapa de palavras, para o tão esperado encontro com a nossa alma. Não sei quantos anos você tem, mas posso afirmar que você já fez muito até chegar aqui – uma pena que, na maioria das vezes, não lembra e, pior, não valoriza isso.
A autora nos puxa lá de dentro da jaula. Ela diz que aos 10 anos as crianças começam a abrir mão de quem elas são para se tornar quem o mundo espera que sejam. É quando a nossa ‘domesticação’ acontece, quando o mundo nos mostra a nossa própria jaula.
E tem gente que, como eu, só percebe que estava preso depois de muitos anos se esforçando para caber. Por muito temponós, mulheres, concordamos em permanecer nessa jaula, esquecemos que somos famintas, que a fúria habita em nós, que somos selvagens. Quem eu era antes de me tornar quem o mundo me ensinou a ser?
Somos selvagens até sermos domadas pela vergonha. Até começarmos a esconder sentimentos por medo de ser demais. Até começarmos a seguir conselhos dos outros em vez de confiar na nossa própria intuição. É como se nessa nova década dos ‘enta’ a gente aprendesse a ressuscitar as mesmas partes que fomos ‘treinadas’ para desconfiar, esconder e abandonar para manter os outros confortáveis: nossas emoções, nossa intuição, nossa coragem. Essas chaves da liberdade voltam a abrir portas. E, finalmente, destrancamos nossa alma.
Chegar aos quarenta é uma espécie de checkup: a gente faz um balanço da nossa saúde física e mental, avalia os feitos construídos e demolidos até aqui e projetacondições que vão nos acompanhar na outra metade da estrada. Fora da jaula.