Aos 11 anos, Robson Machado decidiu que queria ser rico. Aos
22, recém-formado em Ciências Contábeis pela UFSM, casou-se e
iniciou, com a esposa, uma trajetória de trabalho duro, poupança
disciplinada e investimentos bem direcionados. Nove anos depois,
aos 31, atingia o que muitos consideram o topo: um patrimônio
milionário. Esse bem que poderia ser o final feliz de uma história
de sucesso, mas era só o começo.
— Eu era um workaholic, louco por dinheiro, louco por trabalhar.
E, mesmo depois do nascimento dos meus filhos gêmeos, segui
nesse ritmo enlouquecido — relembra.
O ponto de inflexão veio aos 33 anos, num diálogo com a esposa.
— Ela me perguntou: “Onde tu quer chegar? Tu já construiu tanto,
mas não tá vendo as crianças crescerem. Vale a pena?” A pergunta
ecoou mais forte do que qualquer número em extrato bancário
— afirma.
Foi então que Robson enxergou algo além da matemática
financeira: uma vida fora de ordem. O sucesso financeiro, que ele
conquistou com esforço e método, não era sustentável no longo
prazo se custasse saúde e relações familiares.
Essa constatação deu origem à G8 Finanças Sistêmicas, empresa
da qual é sócio e na qual hoje se dedica exclusivamente, após
27 anos como contador e uma longa carreira como professor
na UFSM. Também é coach executivo pela Marshall Goldsmith,
referência global em desenvolvimento de lideranças. Mas, mais
do que currículo, Robson oferece um novo jeito de olhar para o
dinheiro — e também para a vida.
As finanças sistêmicas, conceito que ele vem difundindo, partem da
premissa de que prosperar financeiramente exige um alinhamento
interno e familiar.
— Antes de planilha e investimento, vem o autoconhecimento. O
que você quer da vida? Qual o estilo de vida que você quer viver
com a sua família? Só depois disso se organiza o financeiro —
ensina.
Ao contrário das finanças tradicionais, que se concentram em
técnicas e burocracias, a abordagem sistêmica começa pelas
pessoas.
— Não tenha pressa de enriquecer, mas viva muito bem hoje.
Nesse método, enriquecer é consequência de um processo
mais amplo, que respeita uma “ordem natural”: quem sou eu,
quem somos como casal, como família, o que queremos viver e
conquistar. Só então entra o planejamento técnico.
Para Robson, a grande barreira ao equilíbrio financeiro no Brasil é
a falta de educação — não apenas a financeira, mas também a
emocional e relacional.
— As pessoas não foram ensinadas a lidar com dinheiro, e muito
menos a pensar nele como parte de um projeto de vida. Por isso,
a maioria repete o erro que eu cometi: sacrificar tudo por um
patrimônio.
Hoje, ele vive o que chama de “vida apaixonante”, ajudando
famílias a encontrarem o próprio caminho rumo à prosperidade,
com leveza, consciência e presença.
— Finanças sistêmicas são a única forma de enriquecer sem se
perder de si mesmo.