Atualmente, todos os exames de imagem da mama, seja mamografia, ultrassom, ressonância ou tomossíntese, são classificados com esse sistema. O objetivo principal dessa classificação é tentar estimar um risco de malignidade para cada tipo de imagem e, de acordo com esse risco, orientar uma conduta frente aos achados. Portanto, para cada classificação do BI_RADS ®, existe um risco atribuído de malignidade e uma conduta sugerida frente ao achado. O BI-RADS® não permite diagnóstico definitivo, bem como não identifica características do tumor, como o grau de crescimento ou o tipo histológico, nem orientações de tratamento. Ele apenas revela a chance de haver malignidade e, a partir dele, o médico conduzirá o caso e pedirá mais exames complementares se necessário.

Assim, as principais ideias propostas por essa classificação são: Reduzir as confusões nos laudos e facilitar a interpretação dos achados; Promover a organização do laudo; Monitoramento dos resultados, possibilitando também o controle de qualidade dos serviços de imagem da mama por meio de auditorias médicas.

O sistema BI-RADS® é classificado de 0 a 6, conforme é apresentado na sequência:

 BI-RADS® 0 – Os achados são inconclusivos. Assim, é necessário outro exame complementar para fornecer mais dados e estabelecer a categoria final;

BI-RADS® 1 – Mamas normais, sem alterações;

BI-RADS® 2 – Achados benignos, sem risco de malignidade;

BI-RADS® 3 – Achados, provavelmente, benignos, risco menor de 2% de malignidade;

BI-RADS® 4 – Achados suspeitos, risco de 2% até 95% de malignidade. Que pode ser subdividida em 3 categorias: Categoria 4a – o risco de ser câncer é de 2% a 10%. Categoria 4b – o risco de ser câncer é de 10% a 50%. Categoria 4c – o risco de ser câncer é de 50% a 95%.

BI-RADS® 5 – Achados altamente suspeitos, risco maior de 95% de malignidade;

BI-RADS® 6 – o diagnóstico de câncer de mama já está estabelecido por biópsia.

Quanto às recomendações de conduta de acordo com o BI-RADS®, temos as seguintes:

0 - Necessidade de exame de imagem adicional, tais como incidências mamográficas complementares, ultrassom mamas, entre outros

 1 - Rastreamento anual

 2 - Rastreamento anual

3 - Controle radiológico precoce (6 meses);

4 - Biópsia por agulha grossa (guiada por ultrassom/estereotaxia ou biópsia assistida a vácuo)

 5 – Biópsia por agulha grossa (guiada por ultrassom/estereotaxia ou biópsia assistida a vácuo)

6 – Terapêutica específica (tratamento sistêmico com medicamentos ou cirurgia, a depender de cada caso

Parece simples, ler o BI-RADS®, estimar o risco para câncer e indicar a conduta. Contudo, na prática, não é bem assim. A avaliação do resultado envolve a consideração de vários fatores, como história da paciente, exame físico, acesso a exames prévios (incluindo resultados de biópsias), confiança no serviço de imagem do local em que a paciente realizou o exame, entre outros.

 Importante ressaltar que as condutas sugeridas pelo BIRADS®, na verdade, são recomendações de procedimentos que poderão ser seguidos ou não de acordo com cada caso. Conforme já mencionado, o conhecimento da história clínica do paciente e o acesso a exames prévios são fundamentais para que se estabeleça uma orientação.

Um outro ponto digno de nota é que nem sempre um BIRADS® 4 indica que estamos suspeitando necessariamente de câncer. Por vezes, pode indicar apenas uma imagem que necessita de mais informações por meio de uma biópsia, como, por exemplo, no caso da categoria 4a.

 Por outro lado, não está incorreto a biópsia em casos de BI-RADS® 3, a depender do contexto clínico em que o diagnóstico foi estabelecido. É preciso ressaltar, do mesmo modo, a importância de exames de boa qualidade, executados por profissionais experientes. Isso pode fazer toda a diferença na interpretação dos achados, na classificação final do BIRADS® e, consequentemente, na conduta estabelecida. Um exame de baixa qualidade poderá causar uma falsa sensação de tranquilidade ou, por outro lado, gerar procedimentos desnecessários.

Além disso, sabemos que os exames de imagens são métodos complementares de avaliação, sendo fundamentais uma história clínica detalhada e um exame físico cuidadoso. Isso porque os exames de imagem apresentam limitações, incluindo o risco de não detectarem alterações que possam ser identificadas ao se realizar exame clínico.

Muitas pacientes acreditam que apenas mostrando o laudo dos exames ao médico é suficiente para a avaliação final. Porém, segundo já exposto, a paciente precisa ser avaliada, e as imagens necessitam ser analisadas. Apenas assim, teremos mais segurança quanto à correta orientação.

Em síntese, o BI-RADS® é uma sigla que facilita a tradução de risco para malignidade, a conduta em cada caso e o entendimento entre os médicos que estão avaliando a paciente, mesmo que em locais distantes. No entanto, a interpretação clínica, com o conhecimento da história da paciente, o exame físico adequado e a confiança na qualidade dos exames de imagem são insubstituíveis para uma melhor definição de conduta individualmente. Portanto, a análise de um resultado pode ser bastante complexa.

Antes de tentar pesquisar o significado do seu exame, sem uma interpretação completa, o que pode gerar ansiedade e sofrimento, procure sempre o seu médico de confiança com o intuito de obter maiores orientações.