Quem aí quer ser realizado na vida levanta a mão? Essa parece ser a meta da moda e sabemos que boa parte dessa busca vem da comparação com o externo e, principalmente, da pressão de que é preciso correr atrás da tal felicidade, bem rápido, porque ela já está prestes a escapar. E tudo isso sem pensar muito, afinal, está todo mundo na correria e não dá tempo de falar no assunto, depois a gente manda áudio.

Só que não adianta fugir: autoconhecimento é condição sine qua non para autorrealização. É a fundação do nosso prédio, é a base de sustentação das nossas escolhas, é o que vai trazer leveza para a nossa alma. A palavra anda meio lavada, se perdeu no conceito em meio a manuais de autoajuda, de fórmulas milagrosas que não levam a lugar algum, mas o primeiro passo em direção ao autoconhecimento é – apenas! – olhar para você.


No que você é bom? O que te traz satisfação?
O que, de verdade, realiza a tua alma?


Parece bobo, mas muitas pessoas vão parar de ler o texto aquiporque não sabem a resposta e têm medo de cavar mais fundo. Autoconhecimento é lapidar o que já existe, é entender o que
é seu, da sua natureza, e o que é dos outros, do ambiente, do que você absorveu pelo caminho. Carl Rogers, uma das grandes figuras da psicologia humanista, tem como um dos conceitos mais importantes de sua obra, a ideia de que a pessoa é capaz de controlar seu próprio desenvolvimento e isso ninguém pode fazer para ela. Ele falava sobre a necessidade de “florescer” ao nosso máximo como seres humanos. Eu acho tão linda essa definição: florescer.

 
O autor dá o exemplo de que se a gente deixar uma batata num canto da cozinha, pegando um pouquinho de claridade, ela vai começar a criar aqueles brotinhos, sabe? Ele acredita que o ser humano tem essa mesma tendência para se realizar, para expandir! É da nossa natureza esse movimento em busca do crescimento! É por isso que tanta gente fala hoje em dia em propósito e sentido de vida.


Que é olhar para essa luz! Muitas pesquisas apontam aimportância da força do propósito no trabalho, por exemplo. Mas, quando falamos nesses tópicos, você sabe a diferença entre os dois? Eu vou tentar resumir aqui, da maneira que o professor Wagner de Lara, explicou numa aula que tive na pós de Psicologia Positiva, Ciência do Bem-Estar e Autorrealização, da PUC RS. O sentido é a narrativa do self, como se fosse a sua autobiografia.
É aquilo que conecta a sua história de vida, o seu aprendizado e você consegue contar numa narrativa. Por exemplo, eu: sempre gostei de psicologia, acabei fazendo jornalismo porque dentro do jornalismo eu podia fazer reportagens mais humanas, relacionadas à superação, qualidade de vida, comportamento. Tive até um programa que só falava disso, o Vida e Saúde. Então, fez todo o sentido, nessa minha mudança de vida, fazer essa pós em Psicologia Positiva e seguir disseminando conteúdo e informação a partir desse viés. E o propósito? É aquilo que me direciona para o futuro. É o caminho que eu quero trilhar, e que vem além de mim,
que transcende. Ainda no meu exemplo: Eu podia ter sentido no trabalho que eu fazia na televisão, é coerente com a minha história eu ter chegado até aqui, mas eu não via mais como seguir adiante. Então eu estava sem propósito. E o mais importante de tudo: propósito é algo que a gente constrói e que muda! Podemos ter vários propósitos na vida e vamos reconfigurando eles de acordo com o que estamos vivendo. O propósito está
ligado às razões pelas quais a gente levanta da cama todas as manhãs. O sentido é que vai ser nossa base para nos apoiar nos momentos bons ou ruins. É na sinergia entre os dois, com o suor escorrendo pela testa, que a autorrealização acontece.