Mariana Paniz
@maripaniz
Mariana Paniz
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A atriz Viola Davis abre sua história, conta detalhes da sua vida, deixa seu coração à mostra, com uma verdade crua e difícil de digerir. Olhar para ela, tão forte, com a voz serena, num relato íntimo e visceral, fez-me entender que todos estamos, enfim, nessa busca sem fim.
A ciência tem apontado o autoconhecimento como o caminho mais eficiente para descobrirmos o que está por trás de nós mesmos, para compreendermos quem somos e, principalmente, decidirmos, sem culpa, o que vamos levar adiante depois dessa descoberta.
O documentário é uma reflexão profunda e nos ensina absurdamente sobre sermos nós mesmos, na máxima potência da nossa alma, daquilo que trouxemos para esse mundo, que é só nosso e que, apesar de tudo que vivemos, ainda está lá, intacto, esperando uma cutucada da esperança para poder despertar.
O que existe em sua alma? O que você carrega dentro de si que transforma esse mundo em um lugar melhor? Quem é você - dentro de você?
Essas respostas me levam a outro questionamento: até quando permaneceremos calados diante de quem somos? Ouvindo aquela mulher descrever cenas duras da sua história, da sua família, com tanta compaixão, fez-me refletir a respeito dos quanto todos nós estamos na mesma busca. Eu, você, Viola. Cada um carregando suas feridas, querendo seguir em paz pela estrada, sem saber como construir essa ponte - uma ponte entre passado e presente, que possa liberar o trajeto para o nosso futuro. Dias depois, ganhei de presente o livro de Viola, que carrega o título dessa coluna e que ela cita diversas vezes na entrevista. Na capa, a foto da atriz com um olhar profundo de quem carrega em si um mundo de memórias, na contracapa, a foto dela pequena, quando se sentia invisível, quando aqueles mesmos olhos não viam a grandeza de quem já era e de onde poderia chegar.
A atriz conta sua história numa espécie de conversa com ela mesma, uma autoterapia que respinga no leitor e também nos leva para um lugar de autoanálise, em que avaliamos tudo que fizemos até aqui, o que nos fez chegar aonde chegamos e como levaremos essa história adiante.
Viola com o livro e eu, com esse texto, temos a mesma intenção: encorajar as pessoas na esperança de que, sim, podemos nos encontrar, podemos nos libertar e, de fato, desfrutar a felicidade de alma leve, na sutileza do nosso próprio florescer, ainda que com cicatrizes da vida.
COLUNAS