Escolher atuar na área de educação carregando o sobrenome mariano da rocha, e na cidade onde fica a universidade criada por José Mariano da Rocha Filho, não é uma tarefa fácil. Mas, há mais de 20 anos, Márcia Mariano da Rocha Duarte Stoever resolveu encarar esse desafio - e, hoje, não faltam motivos para comemorar.

Casada com Luiz Felipe Stoever e mãe de Maria Manoela, 8 anos, e João Vicente, 5, Márcia decidiu empreender na área da educação quando não encontrou, na cidade, escolas que atendessem o que pretendia para a educação dos filhos. 

– Quando a Maria Manoela entrou para a escola, ainda com 1 ano, ficou evidente não apenas que eu não queria um modelo de educação ultrapassado para os meus filhos, mas também que eu, enquanto professora, poderia entregar muito mais aos meus alunos. O desejo de viver a Educação Bilíngue se fortaleceu, mas eu também não queria me mudar de Santa Maria. Eu amo Santa Maria. O jeito foi fazer acontecer e trazer a escola dos meus sonhos, enquanto mãe e educadora, para a nossa cidade. O Luiz Felipe apoiou completamente e embarcou junto comigo, de corpo e alma, no projeto, juntamente com outros apoiadores – relembra. 

Foi assim que nasceu o projeto de abrir uma Maple Bear em Santa Maria: nada menos do que uma escola regular parte da maior rede de escolas bilíngues, e que tem como base a metodologia canadense, uma das melhores do mundo, segundo o PISA, exame que mede competências de leitura e matemática de crianças e adolescentes. 

– Pesquisas demonstram que 65% das profissões que essa geração de crianças vai exercer no futuro ainda não existem - e para este futuro incerto que precisamos preparar os nossos alunos. Além de bilíngues, os nossos alunos terminarão o Ensino Médio com dupla certificação, brasileira e canadense, e tendo vivido uma metodologia que permite explorar ao máximo o potencial de cada um, através do desenvolvimento de soft skills, como inteligência emocional, resiliência, comunicação assertiva e colaboração. Quando vejo as conquistas dos alunos de outras escolas da rede, penso que logo serão os nossos alunos completando o High School e conquistando espaço nas principais universidades mundo afora ou em qualquer outro espaço que queiram se colocar. Antes, uma escola com esse nível de entrega era um sonho inatingível para nós, que vivemos no interior. Hoje, temos o privilégio de ter a Maple Bear aqui – comemora. 

Pensar sobre quando surgiu a sua paixão pelo ensino é fazer com que Márcia viaje no tempo, diretamente para a época em que cursou Comunicação Social na UFSM e quando começou a atuar com Assessoria de Comunicação Escolar. 

– Vivendo o chão de escola todos os dias, foi fácil me apaixonar pelo trabalho com educação e crianças. Depois, entre 2010 e 2011, morei em Sidney, na Austrália, e, lá, vi a minha vida se transformar quando decidi estudar para me tornar professora. Em Sidney, tive a oportunidade não só de estudar, mas também de lecionar inglês para pessoas de todos os lugares do mundo, assim como de estagiar em uma escola de educação infantil. Quando comecei a receber convites para me fixar definitivamente fora do país, decidi voltar para Santa Maria com a certeza de que trabalharia com o ensino de inglês para crianças e de que isso faria a diferença na minha cidade – conta Márcia. 

Márcia faz parte de uma família inteira de educadores: a mãe, a avó, seus tios e suas tias, uma herança que pulsa e impulsiona. Antes de montar a própria escola, ela chegou a ser professora e coordenadora pedagógica em algumas escolas da cidade. Até hoje, falar dessa potência da família na área educacional a emociona, especialmente quando o assunto é o avô, Mariano da Rocha Filho. 

– Falar do vô Mariano é falar sobre um dos homens mais importantes da história da nossa cidade e do nosso país. Ele fez a UFSM acontecer e, mais do que isso, ele colocou o nome de Santa Maria no mapa das principais cidades do país, numa época em que a cidade era uma mera “Rua do Acampamento”, em que não tínhamos internet ou qualquer facilidade, e não existia nenhuma universidade pública fora do eixo das capitais. Todo o trabalho foi feito com base na garra e no “desejo de fazer algo de grande para a humanidade”, como ele mesmo escreveu em uma carta à mãe dele, aos 18 anos. O que vocês estavam fazendo aos 18 anos? É algo que me impressiona e me enche de orgulho. O que trago dele é esse desejo de fazer a minha parte para ter um mundo melhor. E o desejo de ver a nossa cidade cada vez mais forte e próspera. Assim como ele, eu acredito em Santa Maria – afirma.

Quando Márcia fala sobre criar uma escola com ensino diferenciado, isso diz respeito à Maple Bear ser a primeira escola verdadeiramente bilíngue de Santa Maria. 

– Para ser bilíngue, uma escola precisa cumprir uma série de exigências e legislações. Não basta dar aulas adicionais na língua inglesa, precisa ensinar disciplinas na língua adicional. E isso só acontece na Maple, onde as crianças têm a oportunidade de vivenciar todos os momentos da rotina escolar numa imersão em inglês na Educação Infantil, com disciplinas, como matemática e ciências, ministradas 100% em inglês no Ensino Fundamental. Os diferenciais vão muito além do bilinguismo e são baseados, justamente, no fato de ter uma metodologia focada em desenvolver habilidades de vida, através da Disciplina Positiva e da Educação Holística, focando no desenvolvimento integral das crianças: cognitivo, físico e socioemocional – explica. 

Por mais que o trabalho na escola ocupe boa parte de seu tempo, Márcia faz questão de estar presente na vida em família - e garante que esses são alguns dos momentos mais felizes de seu dia. 

– Gosto de estar com a minha família, com os meus filhos. Penso que, nesse mundo tão ocupado em que vivemos, o que de melhor podemos oferecer para os nossos filhos é a nossa presença. Quando estou com eles, gosto de estar por completo, lendo histórias, brincando em casa ou ao ar livre. Eles são a minha motivação. Quero que tenham uma educação e uma infância de qualidade – afirma a educadora. 

Além disso, Márcia tem se dedicado para o estudo da Disciplina Positiva, que envolve uma técnica que educa as crianças através da firmeza e da gentileza. 

– Hoje, sou Educadora Parental e Positive Discipline Educator, certificada pela Positive Discipline Association, dos Estados Unidos. Viajo o país para me aperfeiçoar e transferir esse conhecimento para a nossa equipe. Isso me motiva, porque ajuda as crianças a conhecerem e entenderem os seus sentimentos, motiva a escuta ativa e o diálogo e, realmente, muda a vida de crianças e famílias inteiras.

Também me realizo ao conhecer famílias que se identificam com a proposta da escola e sonham em proporcionar uma educação diferenciada para os filhos. Brinco que não há escola perfeita, e, sim, aquela que mais se parece com aquilo que procuramos para os nossos filhos. Reconhecer e estar com essas famílias, que muitas vezes se tornam amigos, é gratificante. Escola é comunidade – defende Márcia. 

Para a jornalista, educadora e empreendedora, o motivo de tanto sucesso da escola está em dois pilares. O primeiro deles são as pessoas, e o outro é a dedicação. 

– Temos um time unido de profissionais estudiosos, dispostos a se desconstruir todos os dias para construir através dessa metodologia diferenciada e da Disciplina Positiva. O segredo também está no trabalho duro, ou seja, na ênfase e na importância que a Maple Bear dá para a formação continuada do corpo docente e dos gestores. Além de ser a maior rede de escolas bilíngues do mundo, a Maple Bear tem o mais completo programa de formação de professores – revela. 

Os treinamentos da equipe são realizados por profissionais canadenses e brasileiros, que vão até a escola em Santa Maria para treinar e auxiliar a equipe. Esses profissionais ficam por longos períodos, vivenciam o universo da escola, assistem às aulas, modelam boas práticas para a equipe e ajudam a melhorar, cada vez mais, o padrão de entrega acadêmica. A equipe também recebe treinamentos on-line, com profissionais reconhecidos no Brasil e no mundo nas suas áreas.