O mês de outubro chama a atenção do mundo inteiro para as ações relacionadas à prevenção do Câncer de Mama. Em Santa
Maria, há 18 anos, a mastologista Sabrina Ribas Freitas, 41 anos, vive uma rotina de dedicação à prevenção e ao tratamento
de pacientes que lutam contra esse tipo de câncer.

Formada pela Universidade Federal de Santa Maria, onde também fez sua especialização e seu mestrado, Sabrina,
desde cedo, buscou estágios e formações que a ajudaram a se desenvolver não apenas como médica, mas também como
uma profissional com um olhar diferenciado para cada uma de suas pacientes. Durante muito tempo, essas qualificações
a levaram para locais como o Hospital Sírio Libanês (SP), o Hospital de Barretos (SP), e o Instituto Europeu de Oncologia
(Milão/Itália). Porém, foi em Santa Maria, a sua cidade natal, que ela criou uma trajetória não apenas profissional, mas
também pessoal de muitas realizações.

E, por falar em conquistas pessoais, Sabrina hoje vive um de seus momentos de maior desafio e realização – ela e o
marido, o contador Giovani Costa de Oliveira, tornaram-se pais de Leonardo, um caminho de descobertas que ela costuma
resumir com uma palavra: amor. 

Para falar sobre esse mês tão importante e sobre as conquistas profissionais e pessoais de Sabrina, a Persona conversou com
essa médica que prima pelo atendimento humanizado.


A sua vida pessoal passa por uma transformação muito bonita, que é a chegada
do Leonardo. Como tem sido essa sua descoberta do que é ser mãe?

O Leonardo completará dois meses, em outubro, então, realmente, é uma fase muito recente ainda da maternidade,
mas extremamente gratificante. Ela enche os corações da gente de amor de uma forma diferente, muito pura, é um amor essencial. Está sendo uma experiência incrível saber que a gente conseguiu gerar uma vida – e, ainda, que, nesse primeiro momento, é uma vida que depende exclusivamente dos nossos cuidados. Então, a experiência da maternidade está
sendo incrível.


E em relação às corridas, já planeja o retorno às atividades?


Correr, na verdade, foi um esporte que comecei em 2013, então já há 10 anos eu pratico corrida. Durante a gestação
do Leonardo, eu precisei de cuidados especiais, porque foi uma gestação de alto risco, então, em função disso, eu não
pude manter a atividade de corrida. Mas, agora, tão logo eu me recupere, pretendo voltar à corrida. A gente precisa achar
um esporte que a gente tenha prazer, que a gente se adapte, para ter constância, para ter uma continuidade. Eu sempre
fui extremamente disciplinada, e a corrida, para mim, foi um esporte que acabou contemplando tudo que eu precisava, do
ponto de vista não apenas físico, mas psíquico, porque eu digo que, enquanto eu corro, eu literalmente medito, ajuda muito
na questão tanto do estresse do dia a dia quanto da ansiedade.

 
Quando a gente observa o seu envolvimento com a sua área de atuação, fica evidente que
a profissão é algo que a realiza. Mas como se deu essa escolha pela Medicina?


Desde os 4 anos, eu falava para os meus pais que eu queria ser médica. Algo totalmente aleatório, da minha escolha, da minha
cabeça, porque eu não tenho familiares médicos, nem pessoas próximas que atuem na área médica. Na adolescência, como
gosto muito de atividades físicas, cheguei a pensar em seguir algo nessa área também, mas acabei optando pela Medicina.
Fiz o meu primeiro vestibular para a UFSM com 16 anos, cheguei muito perto, então foi um período em que fiquei muito
chateada, porque eu me classifiquei como décima segunda suplente, mas chamaram até o décimo primeiro, então, fiquei
muito triste. Mas, no ano seguinte, passei. Com 23 anos, eu já estava formada. Então, eu iniciei essa atividade profissional
muito cedo e já estou completando praticamente 18 anos de formada.


E a escolha pela área da Mastologia?


Desde o início do curso, fiz muitos estágios. No primeiro semestre, eu já estava fazendo o estágio no banco de sangue do Hospital Universitário. Então, ao final da minha graduação, eu me apaixonei literalmente por tudo. Logo após formada
optei por trabalhar como clínico geral durante cinco anos, o que me proporcionou algumas experiências muito
interessantes, que acrescentaram muito na minha vida, para que, depois, eu pudesse ter toda uma maturidade
e uma responsabilidade profissionais. Eu queria atuar numa área em que pudesse me envolver com tratamento de doenças e, com o passar do tempo, eu acabei tomando gosto pela Mastologia, que permitia que eu me envolvesse com a parte de imagem, que é algo que eu gosto muito, até a questão da reconstrução da mama. Hoje, quando eu olho toda a minha trajetória, penso que eu não poderia ter feito uma melhor escolha, porque a atuação na Mastologia me traz, realmente, muita gratificação pessoal.

 
Essa questão do estudo é algo que te motiva até hoje?


A área da Mastologia é muito dinâmica. O conhecimento muda muito - e de forma muito rápida. Então, é extremamente
necessário que o médico que atue nessa área esteja sempre envolvido com a aquisição do conhecimento nas suas diversas
formas. Isso eu coloquei como uma meta para mim, porque a Mastologia é uma área em que a gente tem muitos estudos em
andamento, em diversos pilares do tratamento, tanto na parte cirúrgica quanto dos medicamentos e da radioterapia


Você trabalha em uma área que recebe pacientes em momentos muito difíceis, como é lidar com isso no dia a dia?


Esse é um momento extremamente individualizado, no qual cada paciente vai ter uma reação, uma forma de encará-lo. A
imensa maioria das pacientes tem uma resiliência tremenda, uma força para passar por esse momento e enfrentar o
diagnóstico. Eu costumo comentar com as minhas pacientes que, quando elas recebem o diagnóstico, elas habitualmente só olham o olho do furacão. Mas a gente, como profissional, consegue fazer projeções e ter uma perspectiva futura para cada paciente e, de acordo com cada caso, a gente consegue ter um cuidado para lidar com essa situação. Além disso, hoje, com
tantos recursos, a perspectiva de cura que a gente tem, para a maioria delas, é extremamente positiva.


Outubro é um mês que, dentro da sua área, tem um significado importante, relacionado à prevenção. Como você avalia essas ações que acontecem esse mês?


Quanto mais precoce é o diagnóstico, menos mórbidos e com menos efeitos adversos e agressivos tendem a ser os tratamentos.
Por isso, também é muito importante essa conscientização em relação ao Outubro Rosa. É claro que esse cuidado não deve
existir somente no mês de outubro, mas ao longo de todo o ano, lembrando as mulheres sobre a importância da prevenção e da detecção precoce, para que a gente possa ter esse contexto extremamente favorável em relação à abordagem do tratamento



Essas ações de prevenção estão ligadas às estatísticas que revelam uma estimativa de crescimento dos números de casos de câncer para os
próximos anos?

 
O Inca divulgou uma estatística, no final de 2022, para o triênio 2023, 2024 e 2025, de 73.610 casos novos casos de câncer de
mama a cada ano. Essa incidência representa cerca de 66,54 novos casos a cada 100 mil mulheres, o que é um número muito elevado.
No Brasil, isso impacta em pacientes jovens - e, por isso, a gente precisa ficar muito atento aos aspectos de prevenção do câncer de mama. Ele não é uma doença totalmente evitável. O câncer de mama não é uma doença totalmente evitável. e, por isso, o diagnóstico precoce é extremamente importante para que a gente possa auxiliar na curabilidade.

Em função de todas as ações do Outubro Rosa, a sua rotina muda muito?


Eu sempre falo que o mês de outubro é um ano inteiro em um único mês. Envolve atividades muito intensas em vários locais, tanto nos hospitais
de trabalho quanto no consultório, além das atividades em diversas empresas e locais diferentes, tentando levar o máximo de informaçãopossível em relação à prevenção e à importância do diagnóstico precoce. É um mês para o qual a gente sempre reserva uma energia extra.Embora no final do mês a gente esteja extremamente cansada, é um mês muito gratificante. Já existem estudos, inclusive um deles brasileiro, demonstrando o impacto dessas ações do Outubro Rosa em relação às atividades de prevenção, e que, realmente, as pacientes procuram mais por atendimentos e exames nesse período, motivadas ou influenciadas por todas as ações relacionadas à campanha.

O câncer é uma doença que traz um estigma com ele. Como você trabalha para quebrar esse tabu e
mostrar às pacientes que existe possibilidade de cura?]


Até um certo tempo atrás, a gente encarava (e eu acho que algumaspessoas ainda encaram) o diagnóstico do câncer como uma sentença.
Mas, hoje, a realidade que nós temos em relação ao tratamento é outra, completamente diferente do que se tinha há umas duas décadas. Então, hoje, o que eu considero o caminho mais importante a ser seguido pelas pacientes é a confiança no tratamento, que deve ser conduzido preferencialmente por uma equipe multiprofissional, com base em informações claras, e a partir de conhecimentos científicos validados. Procure por profissionais que lhe   tragam segurança emantenha-se positiva durante o tratamento.