Evidentemente, há as pessoas que preferem não pensar na morte e não lidar com os temas atinentes à transmissão de bens para os seus herdeiros. Para essas famílias, o luto estará ligado à necessidade de regularizar a sucessão por meio do inventário, da burocracia, das negociações entre os herdeiros e do pagamento de imposto de transmissão e demais despesas. Algumas pessoas encaram como um constrangimento a discussão da sucessão e da partilha de bens com o seu familiar ainda vivo. Preferem lidar com esses temas já na ausência do familiar que era titular do patrimônio.

 
Também há pessoas que preferem organizar elas mesmas a sua sucessão, minimizando despesas para os seus herdeiros, mas, principalmente, evitando a elas
os dissabores de viver o luto em meio a um inventário. Essas pessoas precisam lidar com os aspectos emocionais e psicológicos de pensar na sua própria morte, o que geralmente é muito difícil, dado que a nossa cultura não costuma trabalhar sobre a finitude da vida. A coragem de organizar a própria sucessão passa também
pela educação financeira do indivíduo e da família. Esse tema, que vem ganhando protagonismo nas políticas públicas nos últimos 20 anos, impacta diretamente o planejamento sucessório. Para entender a importância e os benefícios de organizar o patrimônio e as finanças da família para além da nossa própria existência, precisamos entender e praticar as regras da educação financeira.

 
Segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), em sua “Recomendação sobre Princípios e Boas Práticas para a Educação Financeira e a Conscientização”, de julho de 2005, educação financeira é o processo pelo qual os indivíduos e a sociedade melhoram sua compreensão em relação aos conceitos e produtos financeiros, de modo que, com informação e orientação, possam se tornar mais conscientes das oportunidades e dos riscos neles envolvidos, fazendo escolhas
bem-informadas, adotando ações que melhorem o seu bemestar e sabendo onde procurar ajuda. Assim, poderão contribuir de modo mais consistente para a formação de indivíduos responsáveis e comprometidos com o futuro. Adotar decisões de crédito, investimento, proteção, consumo e planejamento que proporcionem uma vida financeira mais sustentável, e uma sucessão mais eficiente, gera impactos não só na vida de cada um, mas também na sociedade.


Informar-se e preparar-se para uma vida financeiramente saudável é essencial para conseguir lidar com o planejamento da própria sucessão. Muito se fala em holdings familiares, mas as holdings não são uma solução generalizada. É preciso entender a realidade de cada família para, de modo individual, construir com ela o planejamento patrimonial e sucessório que será mais adequado e eficiente. O planejamento patrimonial não serve apenas para fins sucessórios, mas também para organizar a gestão do patrimônio e economizar recursos financeiros da família. Decidindo sobre organizar seu patrimônio, a família empregará seus conhecimentos sobre educação financeira na escolha do profissional especializado em planejamento patrimonial e sucessório que melhor atenderá às suas necessidades e objetivos. Consulte sempre um profissional especializado e de
sua confiança!



POR:
PRISCILA ABELLA
@abellapris
OAB/RS 051.798
ABELLA ADVOCACIA