Depois de um semestre de excessos por conta de um trio de viagens internacionais e outras tantas locais em 2022, decidi que meu corpo precisava de um detox. Entre as minhas escolhas, estava parar de ingerir álcool por 31 dias. Em princípio, seriam 21, com base na famosa teoria de mudança de hábito do médico norte-americano maxwell maltz. Quando faltavam três dias para riscar no calendário, deparei com um artigo no portal de conteúdo the summer hunter sobre a tendência de comportamento e campanhas internacionais que incentivam a ficar um mês sem beber visando a saúde pública. Resolvi encarar os 13 dias que me faltavam.

Desde 2014 não me abstinha do álcool por tanto tempo, sei disto porque a minha relação com a bebida é assim: calculada. Quem leu o meu livro “Quem é a Estrada?” está por dentro. Eu passei a respeitar o álcool depois de me desrespeitar inúmeras vezes garrafa abaixo. Enfim, não é sobre isso (ou é?), mas completei o desafio com sucesso e achei válido compartilhar alguns insights.

Tabu resume. Não beber é não estar no círculo social de uma maneira confortável. A pessoa só pode estar doente, ou grávida, ou é a neurótica da dieta. O curioso é que o que coloca um sujeito a se manter sóbrio em um mundo em que o álcool é quase uma obrigação social, possivelmente, tem a ver, sim, com uma história pessoal, então, forçar, incentivar, questionar, não é o mais interessante, convenhamos. Também não faltaram dicas de como disfarçar: serve um copo e passa a noite inteira fazendo de conta. Vai de drinque sem álcool e não comenta com ninguém. Sério? Está errado, turma.

Senti vontade? Puxa vida, muita. Mas consegui organizar melhor o que era desejo gastronômico ou de diversão do que era gatilho para encaixar o copo na mão e aliviar uma tensão momentânea pessoal ou linkada à inclusão. Reabri os trabalhos com mais direção - mesmo que atualmente (finalmente!) eu seja considerada pelos mais próximos como alguém que bebe pouco. Ressaca é artigo raro por aqui, então, nem pude somar tanto os benefícios de acordar sem dor de cabeça ou enjoo comuns ao dia seguinte a uma bebedeira.

E o emagrecimento, afinal? Não sei se veio deste lugar, contudo, desinchei bem, a pele melhorou, o intestino também e a minha disposição para exercícios físicos e acordar cedo aumentou. Meu organismo agradecia a folga dia após dia. No final das contas, não é um relato moralista, até porque voltei ao meu ritmo e brindei às festas de final de ano. A ideia é conversar com quem pressiona do outro lado - já estive muitas vezes nesse papel, aliás. Pega leve. O teu consumo de álcool é diferente do outro por inúmeras razões e anseios. Que possamos respeitar mais o copo do outro. E para quem se influenciou: o “Janeiro Seco” já começou. Ainda está em tempo de engajar na campanha internacional dos 31 dias sem bebida alcóolica.

Obs: os desafios envolvendo abstinência de álcool são praticados por quem NÃO lida com o vício. No AA, o lema é “só por hoje”. Então, se você acredita que é dependente, busque ajuda.